FÔLEGO, BOIEMAS e BO-BOIAS
Exposição no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Uma conversa de três fatores do espaço expositivo. Primeiro com a forma construção assinada pelo arquiteto símbolo do modernismo brasileiro, Oscar Niemeyer. A exposição se deu na varanda que tem a forma de torus. A rampa de acesso tem as cores de bóias salva vidas. Em segundo com a paisagem e o entorno, vista de 360º, em terceiro com a história da arte.
A forma da arquitetura, conjugada com as questões da convivência daquele espaço de utopia moderna, pousado numa paisagem, com seu conforto grande beleza diante de uma vista de um mar lindamente poluído e distópico, me fizeram optar pelas bóias salva-vidas como síntese da exposição daí o nome FÔLEGO.
A instalação BOBÓIAS - mais de 500 torus, desde mini arruelas, passando por carrapetas, brinquedos de cachorros até almofadas de pelúcia em vários tamanhos, faziam um desenho no chão sobre o tapete cinza, misturadas às boias com palavras, nas cores brancas e vermelho urgência. Também foi apresentada separadamente na Casa França-Brasil, na exposição MY WAY, curadoria Oswaldo Carvalho.
Todas as peças podiam ser manipuladas pelos visitantes, que deixavam sempre novos desenhos. Como um mar nunca era o mesmo, às vezes revolto às vezes harmônico. Ali um espaço de adiamento da urgência ecológica, que já vivíamos em 2008 quando o projeto foi concebido.
Foram quatro os momentos de conversa com o entorno. O primeiro foi com os meninos da comunidade próxima que frequentavam a praia e nadavam até uma ilha. Nadavam ali do lado mas nem se davam conta da existência do Museu. O vídeo BOYS E BÓIAS, foi feito com eles buscando o boiema – bóia-poema que ia se perder no mar – SAL DAS DÁDIVAS. Foi na inauguração da exposição que estes meninos conheceram o local. Foram com suas famílias assistir a si mesmos e comer rosquinhas de vento. A segunda ação com o entorno foi com os camelôs que também nunca tinham atravessado aquele portão onde ficavam os banners de divulgação. Eles vestiram as camisetas feitas com as imagens do boiema SALDA DÍVIDAS, mas não puderam entrar, tinham que trabalhar. Boiema este que foi lançado ao mar na terceira conversa com o entorno, novamente com um poema acoplado como se fosse um recado na garrafa.
A quarta relação com o entorno, foi com o público que ganhavam camisetas para sairmos todos juntos e levarmos para mundo afora o boiema VIVA DIA A DIA estampado nas camisetas.
Os outros boiemas eram: SADIAS VADIAS, VIAS ADIADAS, VIS DIVISAS, DADA VALIAS, E SAÍDAS ALIVIADAS.
Por fim a referência histórica ao artista que trazia para a arte a questão da urgência do cuidado ecológico, assim como trabalhava elementos que o salvaram depois da queda de avião na segunda guerra, e fundou o partido Verde Alemão. O vídeo BEUYS E BÓIAS, a efervescência dos sais de frutas em forma de bóia sobre a capa do livro que ele está deitado.
Ações de Fôlego continuaram em vários lugares, na BAB- BIENAL DE BÚZIOS, no 8M, na Praia do Arpoador, no Museu da Maré, no manifesto Censura Nunca Mais, na exposição GRAU 360º no Museu da República, em performance no ateliê, em manifestações tal com 8M