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Refletindo sobre a Massa Caótica

Atualizado: 23 de jun. de 2023

Aqueles emaranhados de fitas, parece que materializam as relações dentro de um grande grupo.

alegrar

expandir

coletivizar

colaborar

cuidar

aconchegar

afastar

atrair

pulsar

repulsar

brincar

fantasiar

presentear

presentificar

acolher

intensificar

este trabalho interativo torna visível forças abstratas dos encontros. As relações se manifestam e nos põe corpo a corpo numa presentificação.

Como uma Baba Antropofágica (Lygia Clark) às avessas. Na baba cada participante do coletivo tira de si uma linha com a sua saliva para cobrir uma pessoa. De todos para um. Na massa as direções são outras, de um para todos e de todos para todos. As tiras saem de um mesmo lugar onde estão concentradas e se espalhar pelo espaço, criando relações sensíveis entre todos. Cada ação individual diferenciada é sentida por todos. Todos agem e todos sentem através das fitas a força da ação de cada um.

Ao participar toma-se a consciência no corpo de ser ao mesmo tempo ativo e passivo. Como somos, mesmo.

A série massa caótica tem uma longa história... Andando pelas ruas do Centro da cidade no início dos anos 90, me deparo em frente a uma fabrica de quentinhas com aparas de um plástico muito fininho prateado e – fascinada pelo material – o carreguei para o meu ateliê. Ao chegar e vou verificar aquela matéria, abri o saco de lixo de 300ml e ela escorreu como água. Noite a expansão infinita deste material que tinha em si elasticidade. Comecei a experimentar em festas de dança, sim, funcionava como pensei, fui crescendo o volume, e voava e comecei a ver que representava o invisível dos encontros além das cumplicidades de fazer acontecer o jogo interativo que era estabelecido, tensões apareciam, cuidados com o outro, consigo mesmo, reuniões e afastamentos.

A última festa em que experimentei constatei que não poderia crescer mais. pois havia um pequeno senão nesta matéria usada, ela não arrebentava com facilidade, e poderia ficar perigosa diante de tensões muito fortes.

Precisaria de um outro material.

Anos depois... Já neste século, fui fazer um trabalho na Escola de Samba Pimpolhos da Grande Rio. E... me deparei com uma diversidade de materiais enorme! Estava ali o tnt. Logo vi que é fácil de partir... Ali estava a solução... A Massa caótica retornaria!

Parti para experimentar no meu bloquinho predileto, o Vade Retro Abacaxi, deu super certo! A alegria voltou, e ao ar livre o vento colaborou para que ficasse leve. O tema do Bloco era Vade Retro Caveirão, e eu lancei as primárias era as três cores e o preto e branco.

As Primárias da série Massa Caótica, 2007, no Bloco Vade Retro Abacaxi

Em 2009, novamente coloquei no bloquinho, quando o tema era Vade Retro Cassino Financeiro, eu fiz mais uma inserção da série Massa Caótica, A Massa America Way of Life. que temos como registro o vídeo de Luis Carlos Carvalho, inseri o mundo cor de rosa... Num carrinho de compras... https://www.youtube.com/watch?v=v1W-w5n0IzI

Com a preocupação de experimentar, a visualidade na vida poucas imagens eram feitas.

Já em 2011, também no Bloco Vade Retro Abacaxi, Vade Retro Rio paisagem propaganda. A Massa Caótica que fiz se chamava Alegria Multicor.



Alegria Multicor,2011

Em 2013, também no mesmo Bloco, ano que seria marcante para o Brasil e o mundo, a massa caótica seria sobre os indígenas quando estavam em luta contra o despejo na Aldeia Maracanã. E em homenagem às aguas fiz a Corrente Azul.


Em 2015, O tema do bloco foi Vade Retro Tabu, e a massa tinha o título Massa Dupla. Foi o inicio da divisão ideológica forte. Eram dois pacotes um em tons violáceos e outros em tons esverdeados. A busca era tentar misturar tudo de novo.



2015, Massa Dupla

Em 2016 Fiz na Gira dos Desejos a Massa Crítica

Precisávamos entender tudo que estava acontecendo no país, o impeachment sem causa, um golpe. Um tempo de uma marca histórica em que forças macabras disfarçadas de ultraconservadoras estavam em ascensão.


No ano seguinte 2017 foi a última vez que a massa saiu junto com o Bloco Vade Retro Abacaxi, onde fizemos uma homenagem a um dos fundadores do Bloco, o icônico Aimberê Cesar, que faleceu no final de 2016. E a massa do ano foi Embola e Rola em homenagem ao seu trabalho Surubinha Interracial. Que refiz em 2019.


Embola e Rola no ato Censura Nunca Mais, 2019

No Parque Lage, Escola de Artes Visuais, em 2018, produzimos uma grande festa em homenagem ao Aimberê César onde coloquei em vários momentos a massa.


No Viva Aimberê, a Massa Ígnea, ainda havia a massa p&B e a Embola e Rola


Em breve farei a Cobra Rosa



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